Desde o princípio da colonização alemã em nosso estado, muitas atividades culturais foram trazidas, cultivadas e incorporadas à cultura da nossa região. Dentro elas, quero destacar e comentar um pouco mais sobre o canto coral.
A fé, a religiosidade e o espírito comunitário foram grandes pilares e legados dos nossos antepassados, e nisso entra o canto coral: primeiramente como forma de acalentar o coração dos entes queridos quando da morte de um familiar.
Os primeiros corais surgiram para cantar em cultos, missas, enterros e festividades religiosas, justificando assim os ensaios semanais e a contratação de uma pessoa com conhecimento na área da música que ensaiasse e conduzisse o grupo nestes momentos. Assim, se organizavam as primeiras “Sociedades de Canto”.
E isso em quase cada comunidade. Ensaios semanais ou quinzenais, participação em cultos e, lógico, nos enterros, foram os primeiros passos para o surgimento de um grande número de corais em toda a nossa região.
Além do surgimento de corais mistos (homens e mulheres), também surgiram os corais só de homens, dependendo da peculiaridade de cada comunidade. Mais tarde, também surgiram os corais de senhoras, que nasceram para animar os encontros dos grupos da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (Oase). Esses encontros de Oase eram um momento que cada comunidade organizava e convidava outras, para um momento de confraternização, onde primeiro tinha a celebração de um culto, depois as apresentações dos corais de Oase de cada comunidade e, por fim, um gostoso e farto café colonial, junto com umas rifas e até bingos. Era uma tarde para as mulheres.
Da mesma forma, surgiram os encontros de corais, pois haviam poucas festividades e momentos de descontração na lida dura e diária dos primeiros colonizadores. Então, essas sociedades de canto organizavam encontros anuais e convidavam entre 8 a 12 corais visitantes, para se ter um momento de cultura e descontração. Geralmente esses encontros começavam ao entardecer, pois a maioria era de agricultores, e precisavam antes cuidar dos animais, tratar, tirar leite, etc. O coral convidado, ao chegar, era recepcionado por uma bandinha, um grupo de músicos que levava o coral visitante para dentro do salão ao som de uma música.
Quando todos os corais tinham chegado, começavam as apresentações individuais. Os corais convidados geralmente eram mistos, ou então de homens, e apresentavam canções diversas, mas em sua grande maioria de cunho folclórico e religioso. Depois das apresentações, era servido um gostoso jantar e por fim, iniciava um animado baile ao som da mesma bandinha. O lucro destes encontros era para ajudar a custear o pagamento do regente do coral.
Assim, justifica-se o grande número de corais em nossa região até pouco tempo antes da pandemia, mas que aos poucos vem diminuindo. Mas isso é assunto para uma próxima coluna.