O tradicionalista Maciel Wiebusch, 36 anos, é o idealizador do Acampamento Farroupilha de Teutônia. Foi ele que, em 2017, convenceu as entidades tradicionalistas sobre a importância de criar este movimento, reforçando ainda mais a cultura gaúcha no município. Ele coordenou a atividade até 2020 e traz no sangue o gosto pelos usos e costumes gaúchos, herança que herdou do bisavô e que já repassa para a filha Mariana, de um ano e sete meses.
Como surgiu tua ligação com o tradicionalismo?
Maciel Wiebusch – Sou a quarta geração da família, por parte da minha mãe, Heloísa Mallmann Wiebusch, a cultivar a tradição. Antes dela, meu avô, Romário Adolfo Mallmann, foi patrão de CTG, e meu bisavô, Jacó Inácio Mallmann, também vivia essa cultura. Meu pai, Bruno Weibusch, também foi patrão e a minha filha, Mariana, já usa bombacha. Desde pequena, vai aprendendo a vivenciar os costumes, a cultura e o respeito que existe neste meio.
O Piquete Bruno Wiebusch é uma homenagem ao teu pai?
Wiebusch – Sim. Faz 16 anos que ele faleceu. Desde o primeiro acampamento, criamos este piquete para homenageá-lo. Por muitos anos, ele fez parte do CTG Rincão das Coxilhas e, em 1991 e 1992, na gestão dele como patrão, foi construído o galpão da entidade. Ele também foi capataz campeiro, sempre esteve muito envolvido para manter vivo esse legado.
Para ti, o que representa viver esta tradição?
Wiebusch – O tradicionalismo é algo muito sério e os símbolos dessa cultura precisam ser muito bem respeitados e valorizados. Já fui narrador de rodeio, patrão do Piquete Armada Nativa, de Lajeado, por mais de quatro anos, e tive a oportunidade de, por dois anos, ser o vice-coordenador da 24ª Região Tradicionalista, que envolve todo o Vale do Taquari. Lacei na Festa Campeira do Rio Grande do Sul (Fecars), em Pelotas. Disputei na modalidade Laço Coordenador, conquistando o terceiro lugar no estado.
Como desenvolveste a habilidade do laço?
Wiebusch – É muito treino, desde pequeno. Tudo começa na vaca parada, no reboleio da cordinha, depois vai laçando a vaca parada, perdendo o medo do cavalo, treinando e aperfeiçoando. Não é fácil, envolve bastante técnica e habilidade.
Qual o sentimento quanto à movimentação das crianças participando e conhecendo as tradições?
Wiebusch – O futuro do Rio Grande do Sul está nas crianças. Estamos plantando hoje para colher amanhã. Serão os futuros patrões e patroas. No acampamento, inclusive, várias oficinas acontecem envolvendo alunos de todas as escolas e centros do município. Nossa contrapartida é conversar com eles, promover palestras falando sobre assuntos ligados ao tema.
E a tua avaliação sobre o acampamento?
Wiebusch – Iniciamos em 2017, com 14 galpões. Foi bem difícil. Passei trabalho no primeiro e no segundo ano, porque havia a ideia de criar o movimento, mas não sabíamos de que forma. Entrei em contato com as entidades e marquei reuniões com eles, explicando o projeto, de montagem dos galpões. Vender a ideia foi muito difícil, porque muitos achavam que isso não daria certo, até porque cada piquete teria os custos de material e mão de obra para erguer a sua sede, uma vez que o município é parceiro apenas na cedência do local e das estruturas de água, luz e banheiros. Hoje, estamos muito felizes em ter contribuído. Esta foi a nona edição e tivemos 27 galpões. Foi um sucesso total. É um evento que veio para ficar, tanto que está no Calendário de Eventos de Teutônia. A tendência é expandir ainda mais, há bastante espaço em frente ao Sínodo Vale do Taquari e à CIC. Teutônia está de parabéns. Mesmo sendo um município de origem alemã, aqui a tradição gaúcha vem crescendo cada vez mais.