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HOMEM ORQUESTRA

Obra destaca trajetória de ícone da vocação artística regional

Projeto viabilizado com recursos do Ministério da Cultura aborda a biografia e legado de Henrique Uebel, músico que se consagrou na metade do século passado ao inventar um aparelho multi-instrumental e se apresentar em localidades do Brasil, Paraguai e Alemanha. Documentário será lançado neste fim de semana, em Teutônia

24/10/2024 | 15:42 Atualização: 05/03/2025 | 14:12
Gênio da música, Henrique Uebel dominava 11 instrumentos diferentes, conseguindo tocar até sete simultaneamente (Foto: Acervo/Instituto Henrique Uebel)
Gênio da música, Henrique Uebel dominava 11 instrumentos diferentes, conseguindo tocar até sete simultaneamente (Foto: Acervo/Instituto Henrique Uebel)

Eternizar as memórias acerca do homem que virou símbolo do talento artístico da região. Com esse propósito, o Instituto Henrique Uebel (IHU) lança neste sábado, 26 de outubro, o documentário A História do Homem Orquestra, fornecendo um vasto material sobre a vida e obra do fenômeno musical que, da Linha Schmidt, encantou o mundo com sua genialidade.

Além de resgatar a trajetória de Henrique Uebel e detalhar sua inovação, que sincronizava diversos instrumentos ao mesmo tempo, a obra reúne depoimentos de pessoas que conviveram com o artista, trazendo à tona detalhes sobre sua personalidade. São relatos de amigos, vizinhos e familiares que ajudam a remontar quem foi o artista e a compreender como ele se consagrou como uma das principais referências culturais do interior do RS.

Com cerca de 40 minutos de duração, o projeto audiovisual contou com recursos do Ministério da Cultura, por meio da Lei Paulo Gustavo, no valor de cerca de R$ 30 mil. Desenvolvido pela produtora Naval Marketing, o conteúdo cinematográfico tem tradução para os idiomas alemão e inglês, além de libras.

A programação de lançamento está prevista para as 10h, no Auditório da Sicredi Ouro Branco RS/MG, no Bairro Languiru (Teutônia). A expectativa é lotar o espaço, em um evento gratuito, que terá abertura musical com a Orquestra Henrique Uebel, além de pronunciamentos de líderes culturais e autoridades. O filme será exibido na íntegra, e a previsão de término é por volta de 11h30.

Neto e presidente do IHU, Airton Uebel expõe projetos elaborados pelo avô para desenvolver instrumentos (Foto: Edmundo Carvalho Pott)

Legado de inspiração

Presidente do IHU, neto do artista e principal guardião da história do músico, Airton Henrique Uebel destaca que o objetivo maior é manter viva a imagem do avô, como um exemplo de persistência, perseverança e “gana por fazer acontecer”.

Ele lembra que foi de uma cama de hospital, quando acometido por uma doença pulmonar grave, que surgiram as ideias disruptivas de inventar um sistema para articular os instrumentos – “o gabinete musical”, hoje conservado no Museu de Teutônia, que também leva o nome do artista –, de modo a possibilitar que, sozinho, tocasse todos ao mesmo tempo.

“Ele era taxado de louco na época. Aquilo parecia impossível”, comenta. E justamente essa essência de superação, de busca incansável pelos objetivos, que, conforme Airton, serve de inspiração, não somente a quem trabalha com música.

Diretor cultural do IHU e maestro da Orquestra Henrique Uebel, Lucas Grave frisa a importância do documentário, como uma forma de resgatar, homenagear e preservar a história do artista, promovendo também os municípios da microrregião – Westfália, Teutônia e Estrela.

“Enxergamos nesse projeto a possibilidade de valorizar o legado de um artista incrível, que surgiu no interior do RS. Um agricultor, que tinha a música como um hobby”, destaca.
Entre os diferenciais da obra, Grave ressalta a participação de pessoas, hoje com idade avançada, que conviveram com Uebel e puderam proporcionar relatos muito fidedignos acerca do comportamento e da personalidade do gênio musical.

Filho do Homem Orquestra, Herbert Uebel participa do documentário com relatos sobre o pai (Foto: Edmundo Carvalho Pott)

Linha do tempo: conheça um pouco da trajetória de Henrique Uebel

  • 22 de agosto de 1906 – Nascimento em Linha Schmidt, Distrito de Estrela (hoje Westfália)
  • 1921 – Aos 15 anos, começa a tocar bandoneon, após 7 dias de aulas com seu tio
  • Década de 1920 – Apresenta-se em festas e comemorações locais com seu bandoneon
  • 1933 – Aos 27 anos, adoece de pleurisia e passa por três cirurgias complicadas. Durante a recuperação, concebe a ideia de tocar vários instrumentos simultaneamente
  • 1935 – Apresenta-se no Centenário da Revolução Farroupilha em Porto Alegre, onde é conhecido como “Homem Orquestra”
  • Década de 1940 – A 2ª Guerra Mundial dificulta as viagens devido à escassez de gasolina, mas ele continua a aprimorar seus instrumentos e se apresenta em rádios
  • 1954 – Apresenta-se na TV Tupi, em São Paulo. Também viaja ao RJ
  • 1959/1960 – Viaja para a Alemanha, realizando shows e apresentando-se em emissoras de TV. Seu trabalho é documentado e exibido em cinemas na Europa e nos EUA
  • 1961 – Começa o projeto de construção de seu quinto e último instrumento em Teutônia
  • Década de 1960 – Volta a realizar shows pelo interior do RS, no Paraná e no Paraguai, se apresentando também em diversas emissoras de TV
  • 8 de janeiro de 1973 – Falecimento

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