A esta altura do ano, já deu para perceber que a mudança de calendário de 2024 para 2025 não foi um momento mágico, que trouxe o “novo” de maneira automática, mecânica. No ocidente, o Ano Novo é precedido do Advento e do Natal de Jesus Cristo, período em que os sentimentos de fraternidade e os gestos de solidariedade prenunciam um novo tempo. Agora vai! No entanto, tudo parece “fogo de palha” ou, o que é pior, uma encenação sem o seu verdadeiro fundamento. Ou seja, passadas as festas de final de ano, parece que tudo volta ao “normal”, à velha rotina.
Na Idade Média, o ocidente conhecia três tipos de nascimento de Jesus: na Trindade (através da Vontade), no mundo (através de Maria e do Espírito Santo) e no coração das pessoas (através da fé). Desconfio que conhecemos mais as duas primeiras formas do nascimento de Jesus e muito pouco a última, aquela do coração, através da fé. O Natal só se completa quando o nascimento de Jesus acontece também em nosso coração e se torna fundamento de nossa vida. Só assim ela, a nossa vida, se torna verdadeiramente “nova”. Os seus reflexos podem ser sentidos nas palavras e no comportamento. Acontece uma transformação que vem de dentro para fora e se reflete na vida pessoal, relacional e social.
O evangelista João registra uma palavra muito importante de Jesus: “Eu vim para salvar o mundo e não para julgá-lo.” (João 12.47) Essa salvação é experimentada quando o Natal acontece no coração das pessoas, acolhendo Jesus pela fé, como seu Senhor e Salvador. A luz dessa salvação trazida por Jesus vai brilhar através do testemunho da pessoa crente. São os chamados “frutos do arrependimento” e da mudança de rumo na vida. O Apóstolo Paulo, falando dessa vida “nova”, em comparação com a velha, fala que é como vestir uma roupa nova em lugar da velha. Ele escreve: “… vistam-se de misericórdia, de bondade, de humildade, de delicadeza e de paciência.” Depois de falar que devemos aprender a perdoar como fomos perdoados, escreve: “E, acima de tudo, tenham amor, pois o amor une perfeitamente todas as coisas.” (Colossenses 3.12-14). Eis o novo que deveria fazer parte de todos os dias do ano de 2025!
Luis Henrique Sievers Pastor Sinodal do Sínodo Vale do Taquari - IECLB