Um visitante inusitado foi registrado pelo leitor Frédi Schonhorst, de Pontes Filho, em seu pátio, no domingo (9): um ouriço-cacheiro, também conhecido como “porco-espinho”. O animal foi encontrado andando sobre uma cerca de madeira e, em seguida, subindo para o alto de uma árvore. Mesmo tendo hábito crepuscular e noturno, foi fotografado e filmado próximo ao meio-dia.
O presidente da Rede de Proteção Ambiental e Animal (Reprass) de Teutônia, Vladymir da Silva, afirma que o comportamento do ouriço pode ter sido influenciado pelas altas temperaturas. “Durante períodos de calor intenso, muitos animais alteram seus padrões de atividade. Alguns, como os predadores, podem reduzir a atividade durante as horas mais quentes do dia, tornando-se mais ativos durante a noite. Outros podem procurar áreas mais frescas para se refugiar, como buracos, cavernas, áreas úmidas ou sombras, como é o caso deste ‘porco-espinho’”, destaca. Vladymir afirma que é comum avistar estes animais circulando à noite, especialmente no bairro Teutônia.
“O aumento do calor pode afetar a disponibilidade de habitats. Rios podem secar e florestas serem destruídas por incêndios. Estas situações podem forçar os animais a migrarem para novos locais em busca de alimentos, água ou temperaturas amenas. A migração pode colocá-los em risco, pois precisam atravessar áreas desconhecidas ou com maior presença de predadores”, pontua o presidente. Vladymir ressalta ainda que o maior risco às espécies que se deslocam de seu habitat natural é o trânsito, especialmente a Via Láctea, a RSC-453 e a estrada da Várzea – vias com intenso fluxo de veículos onde frequentemente ocorrem atropelamentos.
Sobre o ouriço-cacheiro
O ouriço-cacheiro (Coendou prehensilis) tem o dorso coberto de espinhos de até 13 centímetros de comprimento. Possui cor parda com nuances mais claras em tom de branco ou amarelo. Vive solitário e se alimenta de frutas, folhas e cascas de troncos.
Os espinhos do ouriço são um mecanismo de defesa. Quando se sente ameaçado ou é molestado por algum bicho, o ouriço-cacheiro eriça os espinhos, que facilmente se desprendem da pelagem e penetram a pele do agressor. Em áreas rurais, é comum os cães aparecerem com a região da boca cheia de espinhos, por tentarem morder o animal.
Ocorre na Mata Atlântica, no Pantanal, na Caatinga e no Cerrado, desde o Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul, incluindo Minas Gerais. Pode ser encontrado também em territórios vizinhos como na Venezuela, Guianas, Bolívia e Trinidad e Tobago.