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Ilustre Cidadão

“Por 10 anos, regi 10 corais ao mesmo tempo”

O quadro Ilustre Cidadão entrevista Lorio Krützmann

06/02/2025 | 09:30 Atualização: 05/03/2025 | 14:21

Prestes a completar 83 anos, Lorio Krützmann, tem uma vida dedicada ao canto coral. Casado há 60 anos com Gerta Krützmann, que sempre o acompanhou nos 26 corais que regeu ao longo da carreira, Lorio iniciou como cantor no Coro de Homens Concórdia, de Linha Catarina, em 1958, com 16 anos. A facilidade em cantar e o domínio do acordeon – que aprendeu com o músico Sílvio Dickel – além de outros instrumentos, como o violão, fez com que a trajetória como regente iniciasse em 1978. Pelo trabalho realizado, obteve o reconhecimento da Câmara de Vereadores de Teutônia, que o homenageou com uma placa, em 5 de outubro de 2021.

Como foi o início como cantor e regente?

Lorio Krützmann – Comecei a cantar a convite do meu professor, Raymundo Brackmann, quando o presidente do coral era Willy Schäffer. Foi numa noite de Natal, quando nos apresentamos com a juventude de Linha Catarina. Os dois me observaram e me convidaram para o ensaio seguinte do Coro de Homens Concórdia. Foram 20 anos como cantor. Cantei em todas as vozes, eu tinha facilidade. Aí, quando faleceu o regente Raymundo Brackmann, fui o primeiro a ser convidado a assumir. Logo comecei a reger o coro de homens e, em seguida, fui convidado a reger o coro de senhoras da Oase, de Linha Catarina, onde a minha esposa e minha sogra eram fundadoras. Depois, o professor Hélio Dahmer me contatou para reger o Coro Misto Aliança, de Linha Frank. Os convites foram se sucedendo e somei 26 corais onde fui regente: dois em Linha Catarina, Linha Frank, Boa Vista Fundos e Languiru e três em Boa Vista, Linha Germano, Linha Geraldo, Linha Wink, Canabarro e em Linha São João (divisa de Poço das Antas com Salvador do Sul). Em todos os corais, a minha esposa me acompanhava, ajudando a cantar. Posso dizer que ela foi a segunda regente dos corais.

Quantos corais chegaste a reger concomitantemente?

Krützmann – Por 10 anos, regi 10 corais ao mesmo tempo. Também surgiram outros convites. Eram ensaios à tarde e dois todas as noites. Além disso, trabalhei no setor de ICMS da prefeitura de Teutônia, por 10 anos. Durante 20 anos, fui o presidente da Liga de Cantores do Alto Taquari. Eu e minha esposa ajudamos na criação do Coral Municipal de Teutônia, em 1987. Era puxado, mas um trabalho que sempre exerci com muito prazer e alegria. Durante muitos anos, atuei como músico de bailes. Atualmente, continuo regendo os coros de senhoras de Linha Catarina e de Linha Frank.

Qual foi o momento em que o canto coral esteve no auge em Teutônia?

Krützmann – Foi na primeira metade dos anos 90, mais precisamente entre 1992 e 1995. Depois veio decrescendo, até a pandemia de covid-19, que foi um verdadeiro desastre, encerrando a atividade de vários grupos. Antes dela, eu regia oito corais. Hoje restam apenas dois.

Como regente, participaste de viagens para outras regiões e estados?

Krützmann – Eu sempre achava muito bonito, e os cantores também, a gente era muito conhecido em todos os lugares. Até por Santa Catarina, no Paraná e em Mato Grosso, estivemos cantando com o Coro de Homens de Canabarro. Isso foi uma grande alegria para nós, coralistas. Os cantores que participaram certamente não esquecem, porque foram viagens que marcaram a vida e a trajetória. Outro aspecto interessante, é que, ao longo dos 20 anos como cantor e dos 47 como regente, participei de aproximadamente 2,3 mil atos fúnebres nos cemitérios das comunidades onde atuei.

Como o senhor analisa o momento do canto coral em Teutônia?

Krützmann – Já tivemos 42 corais, hoje existem apenas 20. Os corais que existem hoje ainda estão bem, estão se mantendo. É importante que os regentes busquem músicas novas, arranjos atuais, para conquistar os jovens e fazer com que tenham interesse em ingressar no canto coral. Acho que existem bons coralistas, só que muitos não querem mais cantar, não querem participar, por causa do compromisso. A maior dificuldade para o jovem é poder, por exemplo, no meio da tarde se ausentar do trabalho e cantar num velório. Como o jovem vai deixar de trabalhar para poder atender a esse tipo de compromisso? E, nas comunidades do interior, muitas pessoas são associadas aos corais justamente para ter esse serviço, para que o coral cante, não apenas em eventos festivos, mas também nos momentos de dor e de despedida de algum ente querido. Essa é a maior dificuldade para manter os corais. Vejo um ou outro jovem iniciando, mas são poucos. Infelizmente, acredito que o canto coral em Teutônia terá muita dificuldade em se manter nos próximos anos.

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