Professora de Educação Física, nutricionista, especialista em Dança Cênica e instrutora de yôga no método “swásthya” – que possibilita a junção dos exercícios para formar coreografias –, a portoalegrense Sônia Lúcia de Souza Gomes está em Teutônia desde 1996. Teve papel fundamental como professora de danças no Grupo Danças & Ritmos do Cemef, trabalhando também com as escolas do interior, e como professora de educação física da Apae. Foi pioneira em diversos aspectos, trazendo protagonismo às pessoas com deficiência. Aos 67 anos, atende no Centro de Yôga Teutônia, no Bairro Canabarro, atua como professora de Educação Física e recreação em lares de idosos. É coordenadora e realiza trabalho voluntário no Grupo Danças & Ritmos da Melhor Idade, desde 2002, e no Lions Clube de Teutônia, entidade na qual ingressou em 2018. É Cidadã Teutoniense, título concedido pela câmara de vereadores, em 2007.
Como a dança entrou na tua vida?
Sônia Gomes – Foi aos 7 anos, quando fui colocada no grupo de danças da igreja, por minha mãe. Aos 17 anos, quando consegui meu primeiro emprego, isso me possibilitou frequentar as companhias de danças. Pelo gosto que eu tinha, meu desejo era ser professora, mas fui orientada a cursar Educação Física, porque não existia faculdade específica de dança. Tempo depois, fiz o vestibular no IPA, em Porto Alegre, e acabei me apaixonando cada vez mais, porque tinha ginástica artística e diversas modalidades. A dança é o que mais me dá arrancada, preciso da música e do movimento.
E o yôga, a partir de quando começaste a praticar?
Sônia – Quando eu estava grávida do meu segundo filho, o médico me proibiu de seguir fazendo ballet e outras atividades de dança. Ele me sugeriu a natação ou o yôga, e optei pelo segundo, a partir de um anúncio de jornal. Procurei a professora, que acabou sendo a minha “mãe do yôga”, e ela me estimulou a estudar, fazer a prova e dar aula para gestantes. Eu fiquei preocupada, porque tive que fazer um estudo para ser instrutora e a ética exige que, para isto, é necessário ser vegetariana. Isso me levou à faculdade de Nutrição, onde, então, me tornei vegetariana.
E a atuação como professora de educação física?
Sônia – Eu já atuava como instrutora de yôga numa sala em Lajeado, onde minha irmã tinha uma loja, uma vez por semana. Depois, surgiu a possibilidade de dar aula numa sala da Escola Infantil Cirandinha, no Bairro Canabarro. Então, surgiu um concurso do governo do RS para lecionar educação física. Me inscrevi por Estrela e tirei o primeiro lugar. Fui chamada para lecionar na Escola Gomes Freire de Andrade e levei um susto, porque não me sentia preparada. Fui chamada em março e no dia da posse, em maio de 1996, aceitei o trabalho. Iniciei, mas me senti frustrada, porque na faculdade aprendi muitas coisas, fiquei maravilhada, idealizei muitas coisas e queria aplicar aquilo no meu ambiente de trabalho. Mas as crianças só queriam saber de futebol e vôlei. Fiquei até maio de 1998. Logo depois, fundei o Centro de Yôga Teutônia, trabalhei como instrutora na Academia Mega Sports e na Escola Estadual Reynaldo Affonso Augustin.
E a tua ligação com a Apae e com as escolas municipais de Teutônia?
Sônia – Fiz o concurso público do município e passei. Comecei a dar aula de educação física na Escola Leopoldo Klepker, em 1999. Com eles, consegui aplicar o que eu gostava, especialmente na dança. No mesmo ano, entrei na Apae, por influência de uma amiga de Porto Alegre, que trabalhava aqui.
Qual a importância do Jones Sebastião Nunes Morais na tua trajetória?
Sônia – Ele foi a pessoa que mudou, não só a vida dele, mas a minha também e a de muita gente. Quando o conheci, ele me desafiou a ensiná-lo a dançar tango. Tempos depois, tive a oportunidade de fazer pós-graduação em Dança Cênica, em Florianópolis (SC). Ali, assistindo a um vídeo que mostrava que as questões de mobilidade não eram limite para quem tinha o sonho de dançar, tive a inspiração de ensinar tango ao Jones e decidi fazer minha monografia com este tema: “A dança num corpo diferente”. Ele e a Ana Paula (também aluna da Apae) formaram a dupla. Então, surgiu o Festival de Artes das Apaes, em Encantado, e levamos a dança. Foi um estrondoso sucesso, uma inovação para os padrões da época. Tiramos o primeiro lugar e, a partir disso, deslanchamos: vieram convites de todos os lugares, dançamos em Porto Alegre, no Rio de Janeiro. O Jones é uma pessoa muito ativa, não parou nunca. Ele sempre trouxe os desafios: o Show Beneficente Conexões – de dança, teatro, música e orquestra – do qual realizamos 13 edições, também foi ideia dele. Com o lucro do primeiro, em 2003, compramos a cadeira motorizada para ele poder se locomover.