Quando se fala em Salão Hagemann, ou Rancho Bonanza, o saudosismo das décadas de 80, 90 e 2000 vem à memória das pessoas com mais de 40 anos. Os bailes e eventos realizados na tradicional casa da Linha Geraldo eram o ponto de encontro dos amigos e da paquera.
Ônibus eram disponibilizados a partir de diversas localidades do interior e de municípios vizinhos e chegavam superlotados de jovens. “Os anos 80 e 90 foram mágicos, uma época áurea”, lembra Janice Hagemann, 56 anos, ao lado do marido, José Augusto Bubenick (58). Ainda adolescentes, ao lado do irmão Geovani (62) e da cunhada Jussara (62), eles ajudavam os pais, Orteno Hagemann e Edi Engelmann Hagemann (ambos em memória), na venda de ingressos e na comercialização de bebidas e lanches.
Como foi o início
O sonho de Orteno era adquirir o salão, que pertencia à família Decker. O primeiro evento ocorreu em abril de 1981. O prédio ainda era todo de madeira e Janice confessa que muita sujeira e entulhos tiveram que ser retirados para deixar o local em condições de receber público. “A inauguração, propriamente dita, já com uma parte de alvenaria, foi em agosto de 1981, com animação do grupo Os Siderais, que estava em alta. Era o Baile de Damas, onde as mulheres podiam tirar os homens para dançar”. Os 3 Xirus, as Loirinhas de Ouro e Os Atuais também tocaram no Salão Hagemann.
O auge da casa
Janice recorda que outro grupo constante era o Barbarella, que se tornou uma tradição nos bailes dos namorados, no mês de junho. A casa, que iniciou promovendo, em média, um baile a cada 40 dias, chegou a ter dois por mês, com as bandas Imagem, Realce Bis, Stúdio, Champion, Destaque Nacional, Nova Estação, Alma Nova, entre outros “O Ego Mecanoide, de Caxias do Sul, foi trouxe um rock mais pesado, que também agradou, bastante influenciado pelo Rock in Rio I (em 1985), que apresentou muitas novidades”. Janice observa que as bandas gostavam de vir tocar no salão de seus pais porque o tratamento era diferenciado. Eles eram recebidos com um churrasco, acompanhado “da melhor maionese do mundo”, feita por sua mãe. “Sempre diziam que aqui era o melhor lugar para tocar”, assegura.
Bandas que animavam os bailes traziam as novas tendências musicais executadas pelas rádios FM | ARQUIVO PESSOAL
Rancho Bonanza
No ano 2000, Luís Heissler, o Django, locou o espaço com o nome Rancho Bonanza. “Era um momento diferente. Os jovens já estavam interessados na música dos DJs. Foram mais de 10 anos com Áudio Som, Frequência Máxima, Tok Dance e Enigma. “Maria do Relento, Tequila Baby, MC Jean Paul e Bonde do Tigrão também fizeram shows aqui”, destaca.
Com a tragédia na Boate Kiss, em Santa Maria, em 2013 – que vitimou 242 jovens – a legislação sobre as casas de festa endureceu. “Resolvemos dar um tempo, até para descansar, porque participamos ativamente daquelas três décadas de promoções”.
Futuro
De lá para cá, a família implantou o PPCI e voltou a realizar promoções, como no réveillon de 2024 e em novembro do ano passado, ambas no estilo retrô, embaladas por DJs. “As pessoas com mais de 50 anos trouxeram seus filhos e se divertiram juntos. Foi um verdadeiro reencontro e hoje seguem me questionando quando será a próxima”, assegura Janice.
O ambiente hoje está bem conservado e pode ser locado para festas particulares. Além disso, a ideia da família é promover, de forma esporádica, festas retrô para “proporcionar a mais pessoas que possam reviver aquela época de ouro”, completa Janice.
Bailes mobilizavam jovens nas décadas de 80, 90 e anos 2000
Ônibus eram disponibilizados a partir de diversas localidades do interior e de municípios vizinhos e chegavam superlotados de jovens
Foto antiga do salão localizado na Linha Geraldo
Atualmente, espaço pode ser alugado para todas os tipos de festas
