O maestro Astor Jair Dalferth ingressou como trombonista na Banda Municipal de Teutônia em 1984. Licenciado em música, com inúmeros cursos de regência, harmonia e arranjo, desde 1989 rege o grupo que hoje se chama Orquestra de Teutônia. O conjunto introduziu coreografias para enriquecer os espetáculos, gravou CDs e DVDs e alcançou reconhecimento no RS, no Brasil e também no exterior, com três conquistas no Encontro de Orquestras de Grimma, na Alemanha.
Como iniciou tua história com a música?
Astor Dalferth – Venho de uma família musical, meu avô era flautista do antigo Jazz 7 de Setembro, de Arroio da Seca, Imigrante. Porém, meu avô não ensinou música a nenhum dos seus filhos, apesar de toda a musicalidade deles. Dessa forma, meus pais investiram em mim e em meu irmão Günter (in memoriam). Desde pequeno, sonhei em ser músico, principalmente após meu pai me levar para assistir a uma retreta da Banda Municipal de Estrela, no campo do Gaúcho. Fiquei deslumbrado com o que vi e ouvi. O timbre brilhoso dos metais e a energia passada pelo conjunto me sensibilizaram. Isso prova o quanto o estímulo familiar é fundamental para aguçar o gosto pela arte.
Qual foi teu primeiro instrumento musical?
Dalferth – Iniciei com o violão, com o músico Silvio Ahlert; depois, com Helmuth Prediger, que semanalmente dava aula no Clube Recreativo Teutoniense. Mais tarde, estudando no Colégio Agrícola Teutônia, tive aulas com o professor Airton Grave e passei a estudar o trombone a pisto.
Como e onde surgiu o interesse pela regência?
Dalferth – Em 1981, fui morar em Estrela com o intuito de terminar o Ensino Médio e estudar música com o maestro Gerson Thomaz de Carvalho, o “Maestro Pernambuco”. Participei da Banda Municipal de Estrela como trombonista. Pude observar vários aspectos importantes, tais como a condução de uma banda, a confecção dos arranjos, os ensaios de naipes e toda organização envolvendo as retretas. Nesse período, também dediquei horário semanal para estudar piano. Em 1984, ainda em Estrela, exerci a função de coordenador da escolinha de música, dando aulas de violão por todo o município, até meados de 1985. Nesse meio tempo, o Maestro Pernambuco deixou a Banda de Estrela e transferiu-se para a cidade de Farroupilha. Então, interinamente, regi o grupo por alguns meses. Porém, eu ainda era muito inexperiente, tinha apenas 19 anos.
Daí veio o primeiro retorno?
Dalferth – Sim. Eu tinha uma relação profissional muito boa com o professor Airton Grave. Éramos colegas na Super Banda Maringá, um grupo que animava bailes por todo o RS. Ele coordenava a Banda Municipal de Teutônia e todo movimento musical do novo município e recebi o convite para participar da Banda Municipal de Teutônia e dar aulas de música no município. Em 1985, prestei concurso para o Ministério da Aeronáutica, pois tinha uma vaga para sargento trombonista na Base Aérea de Canoas. Fui aprovado e segui por três anos na Banda da Base, voltando nas sextas-feiras à tarde para atender a Banda Municipal de Teutônia, aos sábados de manhã.
E quando deixaste a Base Aérea?
Dalfeth – Em 1989, decidi voltar para assumir definitivamente a banda e a escola de música da prefeitura. A partir daí, muitas portas se abriram. Regi vários coros e orquestras no Vale do Taquari e Serra, entre eles: Vocal Liberdade, Coral da APPA do Colégio Teutônia, Coral Vozes de Daltro Filho, Coral Municipal de Imigrante, Coro Misto da Comunidade Evangélica de Teutônia, Coro Masculino Dallas/Popular, entre outros.
Por que decidiste focar apenas em orquestras?
Dalferth – Isso ocorreu com o passar dos anos. Foi uma escolha difícil, porém, o canto coral é mais exaustivo e requer mais tempo para ter uma entrega qualitativa. Desde então, estive à frente da Banda Municipal de Lajeado, Orquestras Municipais de Garibaldi, Orquestra do Centro Cultural de Nova Petrópolis e ainda estou à frente das Orquestras de Teutônia, de Imigrante e da Orquestra Gustavo Adolfo Univates. Sigo ainda meus trabalhos como compositor e arranjador do Sexteto Tempero Brasil.
Uma mensagem para quem pretende seguir na música.
Dalferth – Iniciei minha caminhada nos palcos aos 12 anos. São 48 dedicados à música, aprendendo e ensinando. Não é uma carreira fácil, pois, além de requerer extrema dedicação e estudos constantes, trabalhamos num país que não valoriza adequadamente a cultura. No entanto, o mundo musical trabalha pela perfeição individual e coletiva, apesar das imperfeições do ser humano, deixando lições positivas para toda a vida.