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ILUSTRE CIDADÃ

“Sempre tivemos um batalhão de colaboradores e apoiadores do nosso lado”

O quadro Ilustre Cidadã entrevista Liane Goldmeier Brackmann

Por: Marco Mallmann

12/12/2024 | 09:35 Atualização: 05/03/2025 | 14:22

Liane Goldmeier Brackmann é a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Teutônia, com extensões de base para Westfália e Poço das Antas, desde 2002. Nascida em 1° de fevereiro de 1957, é casada com o agricultor Nestor Brackmann. Mãe de Renate e Raquel, tem uma neta e dois netos: Laura, Lucas e Rafael.

Como surgiu tua ligação com a agricultura?

Liane Goldmeier Brackmann – O convívio que eu tive desde criança com meus pais, vendo eles exercer essa atividade. Quando eu tinha 12, 13 anos, meus pais decidiram que, como eu era filha única, estudar fora e sair de casa não seria bom. A sorte foi que eu sempre gostei de trabalhar com animais e plantações, mas do estudo eu sentia muita falta. Só mais tarde, já no STR, eu retornei e consegui me formar na EJA. Até fiz vestibular e passei, mas, por causa da doença da minha mãe, eu não consegui seguir.

E como fostes convidada a concorrer para presidente do STR?

Liane – Sempre tentei conciliar meu trabalho com participações em encontros, palestras e reuniões, pois tinha sede de aprender coisas novas e de participar. Desde que eu me associei ao STR, busquei estar presente também na comunidade, no grupo de mulheres, igreja, CPM. Em 2002, eu estava num grupo de pessoas associadas que não concordava muito com certos pontos dentro do sindicato. Decidimos lançar um grupo de novas lideranças e o meu nome foi indicado para encabeçar a chapa. Esta sexta gestão termina em 2026, então serão 24 anos à frente da entidade.

Como é a responsabilidade de representar a classe rural?

Liane – Demandar as necessidades de milhares de agricultores, de diversas idades e realidades, é um grande desafio. Nessas mais de duas décadas, muitas coisas mudaram: o perfil do agricultor, da propriedade, dos modelos de produção, da comercialização. Sempre priorizamos as dificuldades que atingem um maior número de pessoas. Por exemplo, quando dá uma seca ou outra questão climática, preço de produtos, crises (como a da Cooperativa Languiru), ou na área da saúde (como na pandemia, quando foi muito forte a nossa luta pelas vacinas). As legislações mudam e nós temos que correr atrás para nos adequar, usando sempre a empatia, o diálogo, o debate e partindo para o argumento, negociando pautas, ou mesmo realizando mobilizações. Sempre tivemos um batalhão de colaboradores e apoiadores do nosso lado. Sozinho não se faz nada. Em muitas lutas, saímos vitoriosos e compartilhamos esses momentos, que é a maior gratificação que temos no movimento sindical.

Como conciliar e representar o interesse de tantas famílias? 

Liane – Hoje, abrangemos três municípios, o que corresponde a cerca de 1,7 mil propriedades (quase 2 mil associados). Sempre conciliamos nosso dia a dia dentro do sindicato atuando nos conselhos municipais, principalmente da agricultura, meio ambiente, saúde e educação, participando dos atendimentos, intermediações e buscando sempre ter um time afiado, a fim de encaminhar as necessidades dos nossos agricultores. Demandar as necessidades de um público de 16 a 100 anos é desafiador e ter o equilíbrio dentro do sindicato, para que haja paridade de gênero, cota de jovens, cota de aposentados na diretoria, o que consolidamos agora, na última reunião, é grandioso. São vários temas que abraçamos. Não podemos impor, mas, sim, propor debates.

Como os governos deveriam agir para melhorar a vida do produtor rural?

Liane – A luta é constante por melhorias nas políticas públicas para viabilizar a produção de alimentos. Fazer entender que é a agricultura familiar que alimenta a nação, gera emprego, renda e desenvolvimento nos nossos municípios e que, para isso, precisa de atendimento e de programas diferenciados, como subsídios, juros especiais, programas específicos para redução da pobreza e da fome. Sou uma feroz defensora da agricultura familiar, porque ela é diferenciada do grande agronegócio.

Vale a pena lutar pela causa?

Liane – Vale a pena ter a nossa organização coletiva, que sabe das dificuldades e também como articular e justificar. Eu acho que a organização sindical, não só dos rurais, mas também dos urbanos, absorve as questões individuais, transforma num grande anseio coletivo e parte para a ação. Dedico 24 anos da minha vida ao movimento sindical, que é grandioso dentro do RS e do país. Queremos levar esse trabalho com muita responsabilidade, garra e comprometimento. Não é a Liane que faz acontecer: é um grupo de pessoas que está comigo e que, com certeza, vai estar comigo até 2026. Hoje, nós temos pessoas jovens também preparadas para encarar os desafios.

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