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ILUSTRE CIDADÃ

“Sinto que algo da minha vida eu deixei para Canabarro e para o nosso município”

O quadro Ilustre Cidadã entrevista Líria Zimmermann Wiebusch

Por: Marco Mallmann

20/06/2025 | 09:51 Atualização: 20/06/2025 | 09:53

Líria Zimmermann Wiebusch foi a criadora dos grupos de danças alemãs de Canabarro, ainda no final da década de 1950, que depois se transformou, em 1985, na Associação Artístico-Cultural Teutônia. Professora no jardim de infância desde os 16 anos, passou a ser chamada carinhosamente de “Tia Líria” pelos primos e assim ela é chamada por todos. É da “Tia Líria” também a iniciativa de criação do Festa da Lanterna, a Laternenfest. Participante de corais desde jovem, viajou para a Alemanha com o Vocal Liberdade, em 1997, e com o Grande Coral Natalino, em 2015. Hoje, aos 84 anos, cuida da casa e curte os dois casais de netos e uma bisneta.

Como foi o início das atividades na educação?

Tia Líria Eu tinha, na época, 17 anos. Iniciei as atividades com 15 alunos, mas eu não sabia o que fazer com eles. Como a escola era mantida pela Igreja Luterana, através do pastor Hugo Erich Wilhelm Ziebarth fui encaminhada para fazer curso durante um mês em São Leopoldo, com as irmãs diaconisas, que eram bem rígidas. Lá aprendi a lidar com as crianças e, quando voltei, tinha bastante bagagem. A escola era bem pequena no início, mas foi sendo ampliada. Logo já eram 48 crianças, de 2 a 6 anos. Junto funcionava também a pré-escola. Quando parei de trabalhar, já eram muitos alunos, na manhã e na tarde.

E como foi o teu primeiro contato com as danças alemãs?

Tia Líria Numa apresentação da pré-escola, inventei uma dança. Peguei uma música alemã e criei alguns passos e movimentos. Daí o pessoal começou a me instigar para formar um grupo de danças. Como eu conhecia o Andreas Hamester, de Estrela, ele me sugeriu que eu participasse de um curso de danças em Gramado. Ele me inscreveu, fiz o curso e voltei com todo o gás. Comecei com 12 crianças e quando parei eram mais de 100 alunos, em cinco grupos: mirim, infantil, juvenil, semioficial e oficial. Foram mais de 40 anos de dedicação ao ensino de danças alemãs. Levamos nossa arte para várias cidades, participando inclusive de encontros nos estados de Santa Catarina e Paraná.

De onde surgiu a ideia da Festa da Lanterna?

Tia Líria Lembro que quando éramos crianças, no culto infantil, a igreja não possuía luz elétrica. O Curtume Augustin colocou lampiões nas paredes. Nós afixamos velinhas vermelhas e pinheirinhos numa cartolina e, na véspera do Natal, entramos na igreja cantando “Am Weihnachtsbaum die Lichter brennen (Na árvore de Natal, as luzes brilham)”. Isso ficou gravado na minha memória e foi daí que surgiu a ideia de criar a Festa da Lanterna.

Como foi a primeira edição da Laternenfest?

Tia Líria A primeira foi no pátio da escola, no Ieceg. Organizamos ela através dos grupos de dança. Organizamos a venda de lanches, como cachorro quente e pasteis. Quando chegamos na escola, foi impressionante a quantidade de pessoas. Tivemos que comprar pães e salsichas em todos os lugares para atender o público que veio participar. Não tínhamos previsto um palco e acabamos dançando no pátio e fizemos a poeira vermelha levantar. Nossa festa foi um enorme sucesso, passou até no Fantástico, da Rede Globo, domingo à noite. A partir daí, outros municípios passaram a fazer a Festa da Lanterna, como Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Candelária, Nova Petrópolis, entre outros. Agora, nos últimos anos, estão reativando a festa e isto é muito legal. É, para mim, uma gratidão muito grande, sinto que algo da minha vida eu deixei para Canabarro e para o nosso município.

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