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LEGADOS CULTURAIS

Teutônia e suas raízes na Westfália

Opinião de Júlio César Lang, escritor, geógrafo e professor

24/07/2025 | 13:42

O município de Teutônia guarda profundas raízes teutas. Sua formação está diretamente ligada à imigração germânica do século XIX, quando milhares de famílias deixaram a Europa em busca de liberdade, terras e um futuro mais promissor.

Muitos dos colonizadores que chegaram à região vieram da Westfália, no oeste da atual Alemanha. Naquele tempo, viver na Westfália não era fácil. A região, marcada por paisagens campestres e vilarejos pitorescos, sofria com as consequências de séculos de guerras, crises econômicas e fragmentações políticas. A terra era escassa e frequentemente controlada por grandes proprietários e nobres. Os camponeses, sem acesso à posse da terra, viviam sob severas restrições. A pobreza era generalizada entre as famílias rurais, que dependiam de pequenas lavouras e do trabalho manual para sobreviver.

Além disso, o crescimento da Revolução Industrial beneficiava as grandes cidades, deixando o interior agrícola ainda mais marginalizado. As tensões religiosas e a rigidez também restringiam as perspectivas de ascensão ou mudança social.

Para muitas famílias westfalianas, cruzar o oceano representava não só um risco, mas também uma esperança de liberdade — econômica, religiosa e social. No Brasil, o governo imperial incentivava a imigração para ocupar e desenvolver o sul.

A partir de 1868, por iniciativa do pastor Johann Friedrich Wilhelm Kleingünther, aproximadamente 300 famílias westfalianas chegaram, estabelecendo-se principalmente na área centro-norte da Colônia Teutônia: nas linhas Clara, Franck, Schmidt, Neuhaus, Bismarck, Horst, Berlim, Arroio Seco, Silveira Martins, Harmonia, Paissandu. Esses pioneiros, junto com os imigrantes de outras regiões europeias (como a Boêmia e o Hunsrück), encontraram uma mata densa e terras férteis, repletas de árvores centenárias e gigantescas, que precisaram ser derrubadas.

Com trabalho árduo, construíram casas, fundaram escolas comunitárias e igrejas, mantendo viva a língua e os costumes teutos. Teutônia cresceu com base na agricultura familiar, na fé e na organização social dos seus imigrantes, e, ao longo do tempo, também se destacou pela força de sua indústria.

Hoje, Teutônia é um reflexo da coragem de seus fundadores. Suas ruas, festas, igrejas e vozes carregam “o eco de uma Westfália antiga”, que, mesmo distante, permanece viva na memória de um povo que soube transformar adversidade em prosperidade.

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