As tradições culturais são como fios invisíveis que tecem a identidade de uma comunidade. São elas que mantêm viva a memória dos que vieram antes e dão sentido às práticas atuais. Nas festas comunitárias, no canto coral, nos sotaques, nas receitas, nas celebrações religiosas e nos modos de conviver, carregamos histórias de trabalho, coragem, fé e união. Mas, em tempos de transformações aceleradas, surge uma pergunta inevitável: ainda sabemos o valor do que herdamos?
Manter viva uma tradição não significa apenas repetir o que foi feito no passado. É preciso compreender o porquê de cada gesto, o significado de cada celebração.
Quando o sentido se perde, a tradição se torna apenas costume. Quando o significado é preservado e atualizado, ela se transforma em legado – algo que inspira e conecta.
Essa reflexão ganha força especialmente neste momento em que nos preparamos para a 29ª edição da Laternenfest – a Caminhada das Lanternas, que acontecerá em dezembro. A primeira edição, no início dos anos 1990, foi criada pela Associação Artístico-Cultural de Teutônia, movimentando intensamente o Bairro Canabarro e trazendo, a cada ano, novas ideias e encantamento. Posteriormente, o evento passou a ser realizado de forma ecumênica pela Comunidade Evangélica Redentor e pela Paróquia Nossa Senhora do Rosário, fortalecendo o espírito de união entre diferentes tradições de fé.
Mais do que um evento, a caminhada é um símbolo do espírito comunitário que há décadas ilumina nossa história. Cada lanterna acesa representa uma lembrança, uma esperança, uma vontade de seguir juntos, mesmo em meio às mudanças do tempo. É bonito perceber que, ano após ano, famílias inteiras se reúnem para caminhar, cantar e celebrar a luz que une gerações.
Mas, para que tradições como a Laternenfest continuem vivas, é preciso mais do que memória – é preciso participação. Muitas comunidades enfrentam hoje o desafio da continuidade. Instituições e grupos culturais que, por décadas, reuniram pessoas em torno de um ideal comum, veem diminuir o número de voluntários. A vida moderna, mais acelerada e individualista, parece deixar pouco espaço para o envolvimento coletivo. Contudo, talvez o verdadeiro desafio não esteja na falta de tempo, e sim na falta de pertencimento.
A Laternenfest é um convite para olhar para o passado com gratidão, para o presente com compromisso e para o futuro com esperança. Que cada lanterna acesa nesta 29ª edição, que acontecerá em 13 de dezembro deste ano, simbolize também o nosso desejo de continuar juntos – preservando o que nos identifica e iluminando o caminho dos que virão depois.
