Há momentos em que o coração parece cansado de esperar. As circunstâncias nos envolvem em um nevoeiro de dúvidas, e tudo o que era claro passa a parecer distante. É justamente nesses momentos que o versículo de Lamentações 3.21 ressoa com suavidade e força: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.”
Jeremias escreve essas palavras em meio à dor, à perda e à desolação. Ainda assim, ele escolhe lembrar. Escolhe voltar o olhar para aquilo que permanece, mesmo quando tudo o mais parece ruir: a fidelidade de Deus. Há sabedoria profunda nesse gesto, pois recordar é também reconstruir.
“Trazer à memória” é um ato de fé silencioso. É decidir que as lembranças que alimentaremos serão aquelas que nos sustentam. É revisitar o passado não para lamentar, mas para reencontrar os sinais da presença de Deus que nos acompanhou em cada passo.
Esperança não é negação da dor, mas a coragem de acreditar que ela não é o fim. É o fio que nos liga ao amanhã quando o presente pesa demais. Por isso, lembrar-se das misericórdias de Deus é reacender uma chama.
Hoje, talvez tudo pareça incerto, mas ainda assim, há algo a lembrar: o amor que não falha, a graça que se renova, a vida que insiste. Que essa memória seja abrigo e direção. Porque a esperança nasce, sempre, de uma lembrança viva do amor de Deus.