A partilha sobre o meu Caminho a Santiago de Compostela continua. Falo hoje da experiência que fiz no ano passado, mas também dos frutos espirituais que ainda colho.
Experimentei a virtude da generosidade antes de botar os pés na estrada, para o quarto dia até Puente La Reina. Rezávamos a missa diariamente, sempre bem cedo, no entanto, recebemos um pedido dos demais peregrinos: celebrar a Missa para eles, porém mais tarde. Isso atrasou o início da caminhada, que agora teria o sol intenso e mais movimento. Mas é assim que se cresce na generosidade, com pequenos sacrifícios, “perdendo” um pouco de si para oferecer-se ao próximo.
O dia seguinte iniciou com a travessia de uma famosa ponte medieval. Nessa etapa encontrei pessoas com diversas motivações, com idades, realidades e religiosidades diferentes. E ainda assim, havia algo em comum: éramos todos peregrinos a Compostela. À medida que me aproximava da cidade de Estella, cresceu minha consciência da virtude da fraternidade: nos tornávamos irmãos e irmãs de Caminho, e era bonito sentir, ajudar e querer-se bem.
A sexta etapa nos levou até Los Arcos, e à virtude da benevolência. Ela é hábito de fazer o bem sem esperar retorno, e de querer o bem do próximo. Quando saí do Brasil para minha peregrinação, levei comigo mais de trinta terços, para em cada dia entregar para alguém. Naquela manhã, ao perceber que um peregrino estava com dores nos joelhos, escolhi ele para presentear. Conversamos e rezamos juntos, pedindo forças para continuar a peregrinação. Nos tornamos bons amigos, e, no fim, fui surpreendido, pois ele me regalou com seu terço pessoal.
Que nas estradas da vida você possa exercitar essas virtudes e receba os presentes gerados por elas e pelos que as praticam.
